Não
consigo festejar com alegria a descriminalização do aborto no Brasil. Quem trabalha
pela vida como eu não pode aceitar que se pense em dar dignidade a mãe
assassina de seu filho e jogue seus restos humanos numa lixeira. É desumano, inaceitável!
Mas não concordo. Não existe dignidade num aborto. Você pensa na dignidade da
mãe e alguém pensou no bebê morto? Vão fazer um enterro digno? É nele, filho
indefeso que penso, assim se pensa na vida e na vítima. Pensar em dar dignidade a assassina não me comove.
Eu
como feminista e escritora de três livros sobre o assunto na Itália, inclusive
o primeiro manual feminista no mundo, digo que nunca aceitei que a liberação
feminina do macho opressor caminhasse sobre cadáveres de bebês indefesos. As mulheres
que se informem saindo da ignorância, e cuidando de suas vaginas com respeito
próprio. Assim não caminharão para o assassinato de um ser humano.
Nada
mais danoso que a ignorância associada a arrogância. Jovens mulheres que nunca
lutaram pela emancipação feminina, acreditam hoje como as velhas comunistas
cheias de raiva, que poder decidir se matam seus filhos ou não seja prova de
liberdade, de dignidade física e de empoderamento. Cegueira e egoísmo.
Nada
mudou e tudo está como antes, como no passado: os homens comandam, as mulheres
são submetidas, as crianças são abusadas e os fetos assassinados. Essa é a
cadeia da desumanidade e da ignorância humana. E as defensoras do massacre
podem tirar da gaveta os velhos refrãos das comunistas enraivecidas, alegando
que o corpo lhes pertence e toda a baboseira leninista que tenta desclassificar
a barbárie. A vida humana é o que é! Existe vida a partir do momento que o
óvulo é fecundado pelo espermatozoide.
Finalizando,
não se comova com assassinatos em massa, não defenda animais abandonados, não
chore por alguém que perde sua vida na juventude. Afinal, a vida para você não
deveria existir!
Tania
Rocha
Escritora