TRAUMAS: MEMORIAS PERDURAM VARIAS GERAÇÕES


A palavra trauma significa ferida. Neste sentido fala-se na medicina por ex. de um traumatismo craniano. Transferindo este conceito ao nível psíquico podemos falar também de uma ferida psíquica quando os processos psíquicos tais como: percepção, sensação, pensamento, memória, imaginação, etc, já não funcionam normal e saudavelmente.  Exemplos:  uma pessoa está concentrada e assusta-se com um ruído  e fica banhada em suor de medo ou os pensamentos de alguém estão continuamente fixados num determinado acontecimento; ou ainda alguém que já não se consegue lembrar-se de determinados acontecimentos importantes. Quero referir como exemplos para as causas de um trauma psíquico: acidentes graves (de carro, de comboio, queda de uma avião,...), tortura, situações de guerra, violência sexual, etc. 

As  emoções provocadas pelo trauma são afastadas da memória consciente. Mas mesmo estando separadas das ligações nervosas que regulam a consciência de vigília elas ficam armazenadas nas camadas inferiores do cérebro, sobretudo nas células  que estão em contacto neuronal e hormonal com as regiões do sistema límbico e do cerebelo. Assim, o traço de memória do trauma continua a existir no corpo todo ou em partes dele, e funciona como uma bomba-relógio psíquico, com o seu tic-tac próprio. No entanto, numa situação que se pareça com a situação traumática original se a “camada de defesa” se tornar demasiado fina e não conseguir evitar que o trauma penetre nas estruturas cerebrais mais desenvolvidas do neo-córtex e na memória consciente, então existe o perigo de que a vivência da situação atual se misture com a vivência traumática antiga e os sentimentos saiam de novo totalmente do controlo.

“A traumatização psico-social implica feridas que não podem ser enfrentadas unicamente através da psicoterapia. As ofertas de apoio têm que incluir sempre uma iniciativa dirigida para as causas das feridas. De facto, se as condições políticas não são consideradas, o risco de qualquer  trabalho psicoterapêutico não ter efeito é grande.” (Heckl, 2003). O conceito individualizado de trauma também não ajuda a perceber a sintomatologia psicótica. Neste caso, são de excluir as situações traumáticas em que uma pessoa que se tornou psicótica pode  ela própria ser ferida gravemente a nível psíquico  É por isso que, até hoje,  todas as tentativas da psicologia de explicar as psicoses e de as tratar com sucesso pela psicoterapia,  têm dado poucos ou nenhuns resultados. Depois de muitas tentativas teóricas infrutíferas na solução deste enigma só as constelações familiares me indicaram uma pista  que  se tem revelado cada vez mais válida: num sistema de vinculação psíquica os traumas parecem ser passados de geração em geração. Nomeadamente as memórias traumáticas dissociadas são entregues aos descendentes, de forma inconsciente, como uma herança muda. Estas memórias perduram por três ou quatro gerações e têm uma influência significativa na psique individual de uma pessoa, mesmo se ela nascer só dezenas de anos depois do acontecimento traumático ter sucedido.

Franz Ruppert

VINCULO PSÍQUICO COM OS ANTEPASSADOS


O método da constelação familiar torna visível como os seres humanos estão ligados em sistemas de vinculação e emocionalmente dependentes uns dos outros de muitas formas. Mostra o caminho que sobretudo os sentimentos e pensamentos difíceis tomam no interior de um sistema pluri-geracional. Distingo os conceitos de relação e de vínculo. Há relações em que não existem vínculos emocionais verdadeiros (p. ex. quando um homem e uma mulher vivem juntos sem terem sentimentos um pelo outro) e noutras há vínculos apesar de não existir nenhuma relação real (p. ex. quando alguém tem uma forte ligação a um parceiro anterior, talvez até já falecido). Vínculos fortes e em parte indissolúveis são criados sobretudo pela descendência biológica (nomeadamente os vínculos mãe- filho,  pai- filho e entre irmãos) e pela sexualidade (vínculo entre parceiros). Os vínculos são caracterizados por sentimentos fortes como amor, medo, raiva, orgulho, vergonha ou culpa. Os vínculos estabelecem-se, regra geral, sem um esforço consciente das pessoas em questão. Acontecem. Uma vez estabelecidos oferecem resistência à sua dissolução. A possível perda de um vínculo provoca medo. Os vínculos estão protegidos contra a sua dissolução arbitrária pelo facto de a separação criar uma dor forte. A dimensão da dor provocada pelo soltar do vínculo é um sinal da força desse mesmo vínculo.

É através dos vínculos que se estabelecem as estruturas básicas trans-geracionais da convivência humana. Sem vínculos não haveria grupos humanos maiores. Provavelmente não haveria o que chamamos fraternidade. Podemos constatar também em animais formas de comportamento e de vida baseados em vínculos. Para realçar a qualidade específica da ligação entre seres humanos escolhi a noção vínculo de alma. O conceito de alma tem grande importância na história cultural e filosófica humana. A alma, em todas as religiões e filosofias tem a função de colocar questões sobre a origem da vida, da existência específica do ser humano no mundo e  daquilo que resta de uma pessoa depois da sua morte biológica.

Defino a alma como aquela força que liga o que  pertence a um grupo de seres e o delimita de outro. Uma alma comum inclui assim, conjuntos de seres humanos e delimita-os. Cria o sentimento de pertença. Cada pessoa participa na alma comum do seu grupo com os seus sentimentos. Assim a alma é  parte de cada elemento do grupo mas também é um fenómeno sobre- individualO relacionamento de cada elemento com o respectivo grupo influencia os seus membros  na sua percepção,  sentir, pensar, imaginar e lembrar. A alma significa, neste sentido, também partilhar sentimentos. Sobretudo as crianças absorvem na sua própria psique os sentimentos dos pais.

Segundo Hellinger o sentimento e a necessidade de pertença são, por seu lado, a base da consciência (Hellinger, 2002, p. 210 seg.). A consciência orienta comportamentos elementares na base dos sentimentos de culpa e inocência. Favorece assim, a troca entre membros de um conjunto de pessoas e regula o dar e o receber e também o respeito por certas ordens básicas em grupos. É  grande mérito de Hellinger  ter percebido e formulado tão claramente a relação entre vínculo e consciência e de chegar, assim, à compreensão profunda de culpa e inocência. Pela relação no grupo estabelece-se uma compreensão de bem e de mal, de  certo e de errado. A verdade e a moral são, nas suas formas originais, relacionadas com o grupo e, portanto, relativas. O que num grupo é considerado bom e correcto pode ser considerado mau e errado noutro. Devido à sua pertença a grupos os seres humanos pensam naturalmente em termos ideológicos e consideram-se em geral  melhores que os elementos de um outro grupo. Quem faz parte de um grupo tem  direito a uma proteção especial no seu seio. Não pode ser excluído. Por causa da importância desse vínculo na  sua vida e na sua sobrevivência, a exclusão de uma pessoa pelo seu grupo tem uma qualidade traumática. Como os vínculos não se dissolvem automaticamente pela morte e como todos nós tememos a exclusão do grupo continuamos a dar aos mortos, por muito tempo, um lugar na alma do grupo. Em quase todas as culturas as pessoas passam muito tempo a lembrar os seus mortos.

Franz Ruppert 

PERMANECER NO AMOR


Gostaria de dizer algo sobre o amor. Algo diferente do que vocês talvez estejam esperando. Às vezes ouvimos a frase Permaneçam no amor! O que significa isto? Permanecer no amor? Conhecemos o amor que vincula. Através de um amor especial estamos vinculados aos nossos pais, ao nosso parceiro e também aos nossos filhos. Como estamos ligados a estas pessoas desta maneira, estamos ao mesmo tempo, separados de outras. Permanecer no amor significa que tudo é amado da maneira com é, que tudo é acolhido na alma da maneira como é. Significa que concordamos com tudo da maneira como é e o amamos como é, exatamente como é. Significa também, que concordamos com toda a vida como ela é, exatamente como é: com a própria vida assim como é, com a vida dos outros, como é, com a criação assim como é, exatamente da maneira como é. Do mesmo modo também a luta faz parte dessa vida. A vida de cada indivíduo disputa o lugar com a vida dos outros. Se permanecermos no amor, amamos também os opostos, a luta, a vitória e a derrota, viver e morrer, os vivos e os mortos, o passado da maneira como foi, o futuro da maneira como vem, exatamente como vem. 

Neste amor tornamo-nos amplos e entramos em sintonia e concordância com tudo. Este amor é a entrega para o todo. É a religião essencial. Neste amor somos repletos, serenos, podemos assistir a tudo como se desenvolve, entregam-nos ao próprio destino e respeitamos o destino dos outros e o destino do mundo. Estar entregue ao todo deste modo significa permanecer no amor. Isto implica também em conseqüências para o nosso dia a dia. Quem permanece no amor desta maneira pode assistir a tudo como é: à felicidade e ao desastre, à vida e à morte, ao emaranhamento e ao sofrimento. Como ama o todo e está entregue ao todo, uma vez ou outra, atua dentro deste fluxo de vida, porém, sem assoberbar-se permanecendo sempre em sintonia e na aceitação. Quem ajuda desse modo, permanece isento de preocupações. E é livre. Aqueles a quem ajudam também são livres. Todos possuem sempre o mesmo tamanho e a mesma importância. No todo não há quem seja melhor ou pior. No todo existimos simplesmente.

Artigo publicado na Revista Bert Hellinger da Editora Altman

5º WORKSHOP DE CONSTELAÇÕES FAMILIARES EM FLORIANOPOLIS


A terapia da Constelação Familiar Sistêmica traz à luz o que está oculto nos relacionamentos familiares e interpessoais. Este método coloca em evidência a conexão profunda que temos com a nossa família, com os antepassados de varias gerações. Evidencia os vínculos de amor e lealdade que nos unem inconscientemente impedindo o livre fluir de nossa vida. 

Os participantes terão a oportunidade de entrar em contato com as formas distorcidas que o amor tomou em seus sistemas familiares. Desta forma, é possível ver e sentir o que estava oculto e desordenado, tanto em acontecimentos que ocorreram no passado, como em dinâmicas atuais. Através dos movimentos da Alma encontramos o caminho que leva à solução e restabelece o fluxo do amor, onde ele tenha deixado de fluir. É uma nova e surpreendente técnica terapêutica de abordagem sistêmica criada e desenvolvida pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger.


Data: 05 de Maio de 2012 – Sábado
Horário: 10 horas

Local: Instituto da Visao Dr. Assad Rayes
Rua: Bocaiuva, 2168 
Centro - Florianópolis


É necessário inscrever-se com antecedência (Somente 12 participantes)
Informações e inscrições com a facilitadora Tania Rocha 
Celular: 9927-5666  e~mail: taniarocha@hotmail.it


O PODER DOS SENTIMENTOS



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Bert hellinger diferencia os sentimentos primários dos secundários. Afirma que os sentimentos secundários servem como substitutos dos primários. É a emoção primária, segundo o autor que leva a ação. A secundária serve como um substituto a ação. 
Trabalhar os sentimentos secundários apenas reforçaria a recusa a agir.

A raiva
A mesma coisa que acontece na inveja, se dá com a raiva. A raiva primária surge quando somos atacados. Esta raiva dá forças para que o indivíduo se defenda e por isso ela é boa. Ela leva a pessoa a agir. Porém, a raiva mais intensa  é fruto das nossas fantasias. Fica-se com raiva, mas não se age. Hellinger nos dá um exemplo para elucidar este caso: Pude observar isso em mim mesmo quando trabalho, diz Hellinger. Se eu ficar zangado com as pessoas, numa constelação,e começar a me perguntar:O que há de errado com estas pessoas? Por que estão contra mim? Sei imediatamente que estas suposições são fantasiosas. Porque todas as vezes que eu investiguei a verdadeira causa era diferente daquela que eu tinha imaginado. Essa espécie de raiva não se baseia em informações. Baseia-se em projeções e suspeitas. Segundo o autor a raiva também tem a ver com um direito que a pessoa não reivindica. Se não reivindicamos um direito que nos pertence, ficamos com raiva. Esta raiva serve para nos paralisar. Nada mais é que um substituto para a própria ação. Estes sentimentos são apenas uma força aparente. Os sentimentos decisivos são a dor e o amor. Em vez de encarar a dor, talvez a pessoa fique com raiva. Numa sessão, o paciente lembra que apanhava do pai e fica com raiva. Ele fica com raiva para não sentir a dor. Se sente raiva, não pode sentir dor. Mas se ele disser: Isso realmente me magoou ele passará a outro nível muito mais introspectivo e forte. Penetrará mais fundo do que se ele disser: Você vai me pagar! 

O ódio
Vários sentimentos são somente’ o reverso do amor e da dor. O ódio é somente a outra face do amor. Ele brota quando alguém é ferido em seu amor. Se uma pessoa expressa o ódio ela bloqueia o seu acesso ao amor. Mas se ela disser: Eu te amei muito e isso me machuca demais, então não existirá mais espaço para o ódio. Com o ódio a pessoa perde aquilo que ela realmente deseja.

O medo
O oposto do amor é a indiferença. Quando um casal vai para a terapia e diz que não podem mais viver juntos é só observar se há algum tipo de envolvimento. Se sofrem muito, existe ainda envolvimento e as chances para a reconciliação são boas. Se já não há dor, o relacionamento está terminado e predomina a indiferença. O medo é um sentimento que se prende a algo. Se retiramos tudo aquilo no qual o medo pode se fixar, ele cresce.É mais nobre encarar diretamente as situações que provocam o medo. Se numa família falecesse o avô, seria prudente pegar a criança pela mão e dizer a ela: Veja a mão do vovô agora esta fria. Vamos enterrá-lo. Mas você poderá se lembrar sempre dele. Assim a criança pode olhar para o morto sem medo.


A inveja
Inveja significa querer ter algo sem querer pagar o seu preço. Em vez de o terapeuta trabalhar com a inveja no paciente, seria mais prudente conduzir o cliente a um ponto em que ele mesmo pudesse decidir se está mesmo disposto a pagar o preço total pelas vantagens e pelo sucesso.

A depressão
Os pacientes depressivos na visão de Hellinger não ficam doentes porque reprimem a raiva, mas porque reprimem a ação que levaria a solução. Só o fato de expressar raiva não liberta ninguém. A pessoa deprimida é aquela que não tomou um dos pais. Muitos se castigam por não tomarem os pais como são simplesmente fracassando em suas profissões, perdendo seus parceiros ou muito dinheiro. A depressão pode ser o vazio dos pais. A base do desenvolvimento saudável é reverenciar os pais, respeitar aquilo que eles significam e tocar a vida para sempre. Não importa como são os pais. Aquele que ousa desprezar os pais irá repetir em sua própria vida o que ele despreza. Pois é exatamente através do desprezo que ele se torna igual aos pais. Quanto mais uma pessoa rejeita os pais, mais irá imitá-los. Essa rejeição também acabará refletindo em outras áreas da vida do filho. Fazer exigências é uma forma particular de rejeitar os pais. Quando um filho quer impor aos pais a maneira como eles dever ser e agir com os filhos, impedem a si mesmo de tomar da vida o que é essencial. Olhar para os pais e dizer: Eu sou o filho certo para você e vocês são os pais certos para mim e eu os liberto de toda a expectativa pode ser um grande caminho para a cura.


Trechos retirados do livro O reconhecimento das ordens do amor de Bert Hellinger e Gabriela Ten Hövel pag 88 a 93. 


ALMA E O CAMPO SISTÊMICO



As constelações familiares se referem de uma nova maneira àquilo que chamamos de "alma". Podemos denominar assim a força invisível que animando (ou pelo menos no mundo animado; congrega partes num todo de uma tal maneira que o todo é mais do que a soma das partes e de suas funções dentro dele. A alma não se identifica com nossa consciência, pois inclui o inconsciente. E não se identifica com os processos fisiológicos e físicos em nosso corpo e em nosso cérebro, embora esteja inseparavelmente unida a eles. Não se identifica tampouco com nossos sentimentos, embora o sentir seja o modo de expressão por onde se experimenta a alma.

Ela é antes como o espaço ou o campo que une, ultrapassando espaço e tempo, tudo o que constitui uma pessoa, criando uma identidade. A abordagem típica da ciência natural atual, que busca o que "não difere", a saber, as partes e partículas e suas mútuas conexões, exclui por seu próprio método a possibilidade de descobrir uma alma. Porém nossa experiência quotidiana se dirige ao que é "mais do que". Não há conversa, nem arte, nem política, nem vida de relacionamento sem participação da alma. Como a experiência psíquica não pode ser reduzida ao que material e quantificável, a língua desenvolveu "palavras da alma" como liberdade, paciência, espírito, coragem, amor, etc. O que entendemos por "amor" não pode ser adequadamente entendido a partir de genes ou de funções do cérebro. Sabemos que para falar dos domínios da alma dependemos de imagens, metáforas, imprecisões, vivências, experiências, intuições perceptivas, bem como da função anímica da avaliação sensitiva e de coisas semelhantes. Por mais que as ciências da natureza nos ajudem com seus conhecimentos e nos obriguem, por exemplo, a repensar nossa liberdade de decisão, a ocupação com a alma, que ultrapassa o âmbito da experiência da vida, pertence mais às ciências do espírito ou à psicologia como ciência do espírito. O trabalho com as constelações familiares se apresenta no concerto da teoria e da prática psicológica modernas de um modo amplo e desafiador, descortinando a alma redescoberta e suas leis.

Da mesma forma como em nossa alma pessoal somos maiores do que aquilo que percebemos conscientemente em nós, assim também em todos os níveis de relações estamos envolvidos em contextos maiores, formados, em termos anímicos, por "espaços" ou "campos" (tomados como metáforas), que juntam as partes para constituir algo "mais" e "maior": uma união familiar, um grupo de amigos, uma empresa, uma comunidade social, um Estado - que se integra na natureza e no cosmo como um todo. Essa nossa vinculação, em sua grandeza e totalidade, recebe freqüentemente de Bert Hellinger a denominação de "grande alma". Isso não significa para ele algo místico ou do além, mas a totalidade da existência individual e coletiva, que justamente através das conquistas das ciências naturais nos aparece de modo cada vez mais misterioso, nos sustentando, ligando e talvez mesmo dirigindo. Entre os consteladores também existem divergências sobre a conveniência e a medida em que se falar de alma. Para alguns isso envolve uma carga excessivamente mística ou religiosa. Outros não partilham essas restrições. Pois diariamente, ao abrirmos um jornal ou revista, lemos em diversos artigos, seja na política, na economia ou na parte esportiva a palavra "alma" num contexto imediatamente inteligível para cada caso. Por exemplo, em manchete: "O templo de Ankor e a alma ferida do Camboja: em busca de nossa identidade".

Quando se fala de "alma", seja no trabalho com as constelações, seja de modo geral na psicoterapia ou na vida quotidiana, isso não acontece com ânimo anti-científico. Um consultor familiar não pode esperar que a ciência natural lhe forneça dados e métodos exatos, cientificamente comprovados e universalmente reconhecidos, para a solução de conflitos conjugais. Ele trabalha de uma forma mais ampla, orientado por vivências e pelas "regras da alma". Uma das realizações de Bert Hellinger é ter condensado e desenvolvido um modelo preexistente de constelações familiares, reduzindo ao essencial, de uma forma experimentável, os processos anímicos e os complexos contextos de relações, e abrindo o acesso a mudanças profundas na alma. Quem se disponha a isso pode comprová-lo pela própria prática do próprio Bert Hellinger, amplamente documentada, e de milhares de consultores e terapeutas.

de Jakob Robert Schneider

O MOVIMENTO DE AMOR INTERROMPIDO



Uma dinâmica importante nos conflitos de casal se mostra quando há um movimento precocemente interrompido no amor dirigido à mãe. Isto não constitui, em sua origem, um conflito sistêmico, e só se torna tal quando é transferido para a relação conjugal. Uma interrupção no movimento amoroso origina-se na criança pequena quando ela é separada da mãe nos primeiros anos de vida, geralmente por força do destino, por exemplo, porque a mãe teve de ficar hospitalizada por várias semanas depois do nascimento, ou porque a criança de um ano precisou ser internada para uma operação, ou porque a mãe morreu quando a criança tinha três anos. Trata-se portanto de uma separação prematura que sofre a criança, principalmente em relação à sua mãe, às vezes também ao seu pai. O efeito que isso terá sobre a vida posterior da criança, e principalmente sobre os seus relacionamentos, será tanto maior quanto mais existencialmente ameaçada esteve a criança e quanto mais ela teve de abandonar a esperança de recuperar a proximidade da mãe.
Quando um homem ou uma mulher olha para o seu parceiro, sente o desejo de amá-lo e de ser amado por ele. Entretanto, ao se aproximar do parceiro, surge na pessoa, como num reflexo, o antigo medo da criança, de perder sua mãe e de não poder mais confiar nela, junto com uma grande dor e uma profunda resignação. Esse padrão é transferido inconscientemente ao parceiro e uma luz vermelha se acende: “Não quero sofrer isso de novo. Prefiro me retirar logo disso”. Entretanto, como todo mundo gosta de amar e de ser amado, a pessoa volta a tomar um impulso e a procurar o parceiro. Mas, logo que se chega ao amor, emerge novamente o medo da criança pequena e a pessoa torna a recuar. Isto foi descrito por Bert Hellinger como o círculo vicioso da neurose. A maior parte dos chamados conflitos de proximidade e distância têm assim sua origem num movimento precocemente interrompido em direção à mãe. Esses conflitos não podem ser resolvidos na própria relação conjugal, mas exigem que a criança presente no adulto, numa experiência retroativa, seja acolhida com força e amor por sua mãe ou por um terapeuta que a substitua. Isso exige uma experiência de transe ou uma vivência corporal em que o adulto se sinta de novo como uma criança pequena e que, como uma criança pequena, experimente um abraço que lhe permita atravessar a dor e recuperar a confiança em sua mãe.
Quando, na terapia de casal, trazemos assim à luz, de uma forma liberadora, fatos passados, isso ajuda o “amor à segunda vista” (Bert Hellinger), a saber, as dimensões mais profundas de um amor dotado de visão. Representa uma ajuda para o futuro e para um amor bem sucedido do casal (mesmo que, no caso de uma separação, apenas para o tempo em que ainda havia amor). Uma compreensão retroativa só tem sentido na medida em que abre para o casal novos passos para o futuro, no sentido do título de um dos livros de Bert Hellinger: “Vamos em frente”.

NENHUM MEMBRO DA FAMILIA PODE SER EXCLUÍDO



A dinâmica fundamental num sistema familiar é que todos os membros têm um direito igual de pertencer e não é tolerado ferir. Sempre que alguém num sistema familiar é excluído, gera-se uma necessidade de compensação. Esta dinâmica de compensação leva a que o membro excluído ou desdenhado seja representado por um membro mais novo da família, que está inconsciente de, e sem poder fazer nada contra essa identificação. Por exemplo, um homem casado apaixona-se por outra mulher e diz à sua esposa que não quer ter mais nada com ela. Inventa razões superficiais e caprichosas para justificar as suas ações, compondo a injustiça feita à sua esposa. Mais tarde teve filhos com a sua nova companheira, mas a sua filha enfrenta-o por nenhuma razão aparente. Verifica-se que a filha representa inconscientemente a sua primeira esposa e sente pelo pai o mesmo ódio que a sua primeira esposa deve ter sentido, mesmo não sabendo da existência da primeira mulher. Nisto, podemos ver o trabalho de uma invisível e sistemática força compensatória, vingando a injustiça feita ao anterior membro através da utilização inconsciente de um membro mais novo. Muito sérias disfunções em distúrbios no comportamento familiar nas crianças, mas também as doenças, tendência a acidentes e comportamentos suicidas ocorrem quando as crianças representam inconscientemente uma pessoa excluída para satisfazer a necessidade de restituição dessa pessoa. Isto mostra uma segunda característica da consciência do sistema familiar. Assegura justiça para os membros mais antigos e causa injustiça para os mais novos.

Bert Hellinger

A IMPORTÂNCIA DO AMOR EM NOSSAS VIDAS




Há algum tempo venho estudando a obra do psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, idealizador das Constelações Familiares. De maneira bastante resumida, esta terapia vê a família como um sistema. A cura de um dos membros é realizada a partir da cura do sistema. E curar, para Hellinger, é reordenar. É colocar cada membro da família no que seria o seu lugar. Por isto, ele também chama a sua terapia de ‘as ordens do amor’. A princípio, a Constelação Familiar parece apenas uma excelente terapia para a família. Mas vai muito além disso. O princípio dela é a ordem, e a ordem é necessária em qualquer sistema. A vida existe na ordem. A vida é ordem. “Cosmos”, palavra de origem grega, significa “ordem”. Na astrologia, a ordem é representada pelo planeta Saturno. Este planeta tem lugar de destaque no signo de Libra, que rege os relacionamentos. Para que os relacionamentos – de todos os tipos – funcionem é preciso ordem. Ou, para utilizar outra palavra relacionada a Saturno, é necessário respeito. O respeito é o reconhecimento da ordem. É tal a necessidade de ordem nos relacionamentos que, na maioria das vezes, eles não terminam pela falta de amor, e sim, pela ausência de respeito.  

Bert Hellinger postula que “a ordem precede o amor”. Falando de outro modo, o amor só se perpetua no respeito. Assim, se tenho afeto por você, mas não o respeito, em pouco tempo isto incitará o seu ressentimento, e pode ser que cheguemos ao extremo de trocar o amor pelo ódio.A ordem não precisa ser aplicada apenas aos relacionamentos afetivos. Se sou balconista de uma loja e atendo a um cliente com indiferença, estou ferindo a ordem. O cliente está acima de mim, porque eu existo, naquela loja, por causa do que ele paga pela mercadoria que eu vendo. Parafraseando Hellinger, é fácil concluir que a gentileza será decorrência do respeito que eu tenho pela existência do cliente. Eu reconheço a importância dele, eu o trato bem, e, quando faço isto, tudo funciona como tem de ser: a venda, a compra, o lucro, todo o processo. O trabalho de Constelações Familiares já vem sendo aplicado no mundo corporativo. Quando, por exemplo, um chefe tem um funcionário que é um crítico ferrenho dele a ordem está corrompida. Todos podemos e devemos dar sugestões, mas o lugar de chefe – queiramos ou não – é ocupado apenas por um. Acima dele pode ter um outro chefe, mas naquela instância ele foi incumbido da liderança. O funcionário que, isoladamente, se torna um detrator do chefe tenta se colocar em um lugar que não lhe pertence.  Não funciona. Ou ele vai corromper o sistema plantando a insatisfação ou será eliminado. Esta, aliás, é outra coisa interessante na obra do terapeuta alemão: é possível perceber onde a ausência de ordem poderá causar estragos. 

Na realidade, Hellinger diz que o amor é a maior força que existe. Por amor, compensações, ainda que doentias, são geradas. Um membro não reconhecido de um sistema familiar acaba reaparecendo em membros posteriores a ele, que sequer sabem que estão compensando sentimentos daquele que foi excluído. Estes são apenas alguns exemplos. No meu trabalho como astróloga e terapeuta, procuro ficar atenta aos princípios da ordem. Atendo a clientes que se ressentem porque o chefe não entende que eles chegam atrasados, ainda que trabalhem mais voluntariamente depois. Faço com que compreendam que se o chefe se importa com o atraso, eles precisam se adequar ao sistema. Tudo irá funcionar melhor. O chefe terá menos um motivo de desgaste, podendo se dedicar mais ao que lhe compete e as qualidades do empregado, por sua vez, irão ganhar maior destaque do que se o chefe estivesse insatisfeito com seu comportamento. Isto não significa que tenhamos de ser ‘vaquinhas de presépio’. É o contrário: os fortes são os melhores cumpridores da ordem. Se a ordem é inerente, deve ser reconhecida, assim como, por exemplo, se reconhece que o mar com temor e respeito. Reconhecer a força do mar é ser sábio. Colocar as coisas nos seus devidos lugares, também. O sábio navega no mar. O tolo afunda. Ou se afoga. A ordem também nos liberta de esforços desnecessários. Tomando como exemplo as competições familiares, é um esforço colossal querer ser melhor do que a mãe ou o pai: “meu pai é uma má pessoa e eu sou melhor do que ele”. Se você coloca o seu pai no lugar dele, isto é, acima de você, porque você veio depois, não tem de julgá-lo, e então não tem de ser melhor ou pior do que ele. Menos algo a ser feito. Mais energia para a vida. Ocorre o mesmo com o vendedor que aceita o cliente. O vendedor ressentido com sua posição não vende bem, não produz e não é feliz. É melhor que comece a pensar em fazer outra coisa, ou então em mudar. Acredito , portanto, que antes de ensinarmos qualquer técnica de vendas, algumas vezes temos de ensinar a humildade. 

O bom vendedor muitas vezes ganha mais do que o cliente, mas o trata com deferência porque é o cliente que o coloca naquela situação: a de ganhar bem ou de, pelo menos, se sustentar. Tomando outro exemplo de como a ordem simplifica a vida, o homem e a mulher que constroem uma relação em que não haja respeito vão consumir uma quantidade enorme de energia. Que importa que haja afeto se a falta de respeito destrói a dignidade e o equilíbrio que deveria existir entre o casal? Se um está sempre lutando para anular o outro e este para sobreviver? Por isto, mais uma vez, repito Bert Hellinger: a ordem precede o amor. O amor floresce a partir da humildade de reconhecer o lugar de cada um no sistema, honrando-os como devem ser honrados.

Vanessa Tuleski

SOLUÇÕES PARA AS EMPRESAS



Às vezes, as organizações e as empresas deparam-se com diversos problemas: a empresa não se desenvolve, os clientes desaparecem, não se conseguem inovar os produtos, os funcionários estão em permanente conflito, a fusão de duas empresas não deixa o negócio desenvolver-se, os funcionários despedem-se sem razão aparente, etc.  Uma análise racional pode fornecer pistas e partes do problema, mas nunca a visão geral. As Constelações Sistémicas (ou Organizacionais) dão o elo perdido. O êxito deste método em empresas como a Daimler-Chrysler, IBM ou BMW contribuiu para um crescente interesse desta metodologia em toda a Europa.
Os recentes desenvolvimentos nesta área têm levado à descoberta de novas formas de análise de como as organizações evoluem e se desenvolvem com sucesso. Através de uma utilização habilidosa das constelações organizacionais, conseguem-se descobrir dinâmicas escondidas que se encontram em funcionamento nas organizações e empresas. Isto é feito de tal maneira que, duma forma simples e directa, é reconhecido por todos os que trabalham nessa organização. Problemas complexos, como sejam, a estrutura organizacional, a liderança ou o reconhecimento apropriado e genuíno dos funcionários, podem ter soluções muito simples. Empresários, gestores e consultores estão-se a tornar cada vez mais curiosos e intrigados com as soluções encontradas, sempre que são utilizadas as constelações organizacionais e o pensamento sistêmico.
​A forma original da técnica da constelação de um sistema consiste em que o cliente escolha estranhos para representar os seus funcionários, os departamentos da empresa, os clientes, os fornecedores e até os produtos. O cliente coloca estes “representantes” num lugar que sinta que é adequado e duma forma intuitiva. Depois, esses “representantes” dizem o que sentem e movem-se até que sintam que estão no “lugar certo” e se consiga tranquilidade a todo o sistema. As soluções encontradas com representantes “reais” têm mais força e impacto, mas esta abordagem mais privada é muito interessante como diagnóstico e de início de trabalho ou quando as circunstâncias assim o exigem. Qualquer pessoa numa posição de responsabilidade, na indústria, comércio, serviços ou governo, numa organização de saúde ou educacional pode beneficiar-se desta metodologia e encontrar boas soluções em muito pouco tempo.

A Lei da ressonância da alma no campo sistêmico



Nossas crenças mais profundas, traumas e as percepções limitadoras que são gravados no subconsciente criam o nosso cotidiano. Podemos fazer muito pouco, se o que queremos em um nível racional é impedido pelo nosso subconsciente. Se temos medo de ser amados, se não conseguimos assumir um relacionamento, se nos convencemos de que somos incapazes ou que a vida é difícil, estas crenças fazem parte de nós e as emoções associadas a esses pensamentos são muito poderosos, atraindo energias semelhantes. Lei da Atração ou da ressonância da alma no campo sistêmico e do livro O Segredo ajudou a divulgar as seguintes crenças: "Nós somos o que pensamos" e "A energia segue o pensamento." Se somos o que pensamos, significa que com o nosso pensamento podemos influenciar de alguma forma a realidade que nos rodeia. Pesquisas afirmam que o nosso pensamento é consciente por cerca de 10% do nosso tempo. Para os 90% restantes o que funciona é a mente subconsciente. Se esta afirmação é verdadeira, se nós somos o que pensamos e se apenas 10% do nosso tempo é consciente, isso significa que nossa realidade depende em 90% do nosso subconsciente. Podemos mudar nosso comportamento e atrair a realidade que desejamos, somente quando o inconsciente está convencido desta possibilidade e a absorve completamente. Deste modo, para atrairmos o que tanto desejamos, as nossas crenças devem estar em harmonia com o que deseja o nosso consciente. Se existe alguma incongruência, não existirá vida feliz, rica e saudável. Convencer o subconsciente e mudar suas convicções é possível, e hoje existem técnicas de psicologia energética que nos ajudam enormemente. Psych-k é uma das técnicas mais eficazes para reprogramar a mente subconsciente e equilibrá-la com a mente consciente, com o apoio do Eu Interior. Porém, nenhuma mudança é possível, se o subconsciente é visto como um inimigo, como um obstáculo para a realização de nossos desejos. 


A Lei da Atração, que é moda neste momento, funciona! Assim afirmam os grandes e geniais estudiosos da física quântica. Mas o que atrai é o que está contido em nosso subconsciente. Nós podemos nos esforçar e repetir mil vezes o que desejamos, mas é uma repetição inútil se o subconsciente não concorda com as afirmações que fazemos. Os nossos comportamentos são um reflexo direto das nossas crenças, percepções e valores gerados a partir de experiências passadas. Todas as dificuldades que encontramos em nossas vidas, são programas escritos no nosso subconsciente, que funciona como uma memória de computador. A nossa mente, o computador, repete continuamente os mesmos programas, criando a nossa realidade. O nosso inconsciente não avalia se o programa executado pela mente é positivo ou negativo. A sua função é executar o programa armazenado desde a nossa vida intra-uterina e ele não tem a capacidade de avaliar se nos faz felizes ou infelizes. Conhecer como funciona a nossa mente, descobrir o poder que possuímos de criar e transformar as nossas vidas é uma experiência fantástica e surpreendente. Uma experiência única que é o caminho para a integração da nossa identidade com a nossa espiritualidade. Primeiramente, para vivermos uma transformação real e duradoura, devemos mudar o nosso modo de viver.  Devemos compreender a potente energia que nos governa: o subconsciente! Devemos vê-lo como um amigo e aliado no processo de crescimento. É necessário conhecer, aceitar e reconhecer a sua importância em nossas vidas, sem esquecer que somos seres complexos, porém energéticos. Cada um de nos é um sistema de mais de 50 trilhões de células, que interage com o ambiente continuamente. Bem vindo a esse mundo mágico e maravilhoso que é a sua mente.


BERT HELLINGER



Bert Hellinger...


Nascido em 1925, estudou filosofia, teologia e pedagogia. Sua formação religiosa levou-o depois a ingressar em uma ordem religiosa católica. Mais tarde trabalhou como missionário na África do Sul. No início dos anos 70 deixou a ordem religiosa católica dedicando-se então à psicoterapia. Através da dinâmica de grupo, da terapia primal, da análise transacional e de diversos métodos hipnoterapêuticos chegou à sua própria terapia sistêmica e familiar. Autor de best-sellers na Alemanha, possui mais de 14 livros em sua bagagem. "A Simetria Oculta do Amor" foi o primeiro livro a ser publicado no Brasil. Entre as suas atividades atuais está o seu trabalho com os sobreviventes do holocausto e suas famílias. Bert Hellinger redescobriu durante o seu trabalho com centenas de sistemas familiares que o reconhecimento do amor que existe no seio das famílias comove as pessoas e muda suas vidas. Porque um amor rompido em gerações anteriores pode causar sofrimentos aos membros posteriores de uma família, o processo de cura exige que os primeiros sejam relembrados. Nos seus workshop os participantes observam, representam pessoas de outras constelações familiares ou exploram suas próprias dinâmicas familiares ajudando Hellinger a demonstrar como o amor, mesmo se injuriado ou mal-direcionado pode ser transformado em uma força que cura. Hellinger é inabalável em sua serena compaixão durante o seu trabalho com indivíduos, casais ou famílias que enfrentam situações difíceis. Terapeutas experientes apreciam a efetividade de seu método e seus resultados. Freqüentemente os participantes de seus workshop partem com uma profunda compreensão de si mesmos, o poder do amor e as forças que governam os relacionamentos humanos. Bert Hellinger vive hoje com sua esposa na Alemanha, no sudeste da Baviera, perto da fronteira austríaca.


A ESPIRITUALIDADE NO CAMPO SISTÊMICO


Constelação Familiar é uma abordagem da Terapia Familiar Sistêmica criada por Bert Hellinger. O principal objetivo dessa terapia é investigar e trabalhar as relações interpessoais de um determinado sistema familiar. Diferencia-se das outras modalidades de psicoterapia por concentrar-se nos sentimentos presentes nos vínculos e não nos sentimentos das pessoas isoladamente. Na construção de uma Constelação Familiar o que entra em foco são os acontecimentos significativos que marcaram determinada família e não o que cada um de seus membros pensa, sente ou faz. Por exemplo: a separação ou a exclusão de um dos familiares, os problemas no parto ou na gestação, as injustiças, as doenças graves, os crimes, a morte ou as tragédias ocorridas na família. Quando se inicia uma constelação pede-se à pessoa cujo sistema familiar está sendo trabalhado que apenas relate acontecimentos externos e significativos para a dinâmica familiar. 
O psicoterapeuta não quer saber o que o indivíduo está pensando ou sentindo e sim quais foram os acontecimentos marcantes e os vínculos significativos. Os procedimentos adotados são aparentemente simples, mas os resultados são considerados surpreendentes pelas pessoas que os têm relatado. O objetivo é promover o esclarecimento do desequilíbrio sócio-familiar. Isso gera como conseqüência o equilíbrio psicológico em cada membro do sistema em questão. Hellinger, estudando os padrões de vinculação entre os membros de determinadas famílias, identificou um fenômeno curioso que chamou de emaranhamento. Concluiu que os emaranhamentos podem determinar atitudes ou influenciar negativamente o comportamento dos descendentes de uma família, mesmo que essas pessoas não estejam claramente vinculadas aos antepassados envolvidos na origem do problema. Foi para desfazer os emaranhamentos que Hellinger desenvolveu essa técnica. Na constelação é trabalhado o sistema familiar,  vínculos existentes e emaranhamentos entre os membros da família. 
Bert Hellinger descobriu que os sistemas familiares tendem a se movimentar seguindo determinados padrões e estabelecendo prioridades específicas. Chamou esse ordenamento de Ordens do Amor. Ele acredita que o amor é cego: tanto pode curar quanto adoecer as pessoas. Mas, de um modo ou de outro, o amor sempre está presente nas relações familiares.
Autor: Psicólogo Jadir Lessas.