Constelações Sistêmicas: por amor à você mãe, eu também falo mal dos homens! (e estrago a minha vida)




Participei como representante numa constelação onde a questão era a relação da cliente com os pais. Foram colocados representantes para a Mulher, Mãe, Pai. Colocados frente a frente, logo se revela que a Mulher olha como que envergonhada para a Mãe. Senti necessidade de entrar na constelação, e fiquei atrás da Mãe, cochichando murmúrios nos ouvidos dela, enquanto eu olhava para o Pai. 

O facilitador colocou então um casal atrás de mim, e eu disse que queria o meu marido ali - portanto, eu representava a Avó da cliente. Quando o Avô entrou e ficou próximo de mim, eu comecei a falar mais alto para a Mãe frases como "os homens não prestam", "eles só humilham a gente", e eu olhava fixamente para o Avô, com um olhar de raiva. Aquele casal que entrou por último eram os Bisavós da cliente. A Bisavó olhava para mim com amor. Eu ouço a Mãe dizer que amava o Pai, e nesse momento eu caio de joelhos aos pés da Bisavó, chorando, envergonhada porque tinha a sensação de que "falhei" (ao não ensinar devidamente minha filha a também falar mal dos homens). 

A Bisavó diz "que bom que você não conseguiu filha, porque o amor venceu". Fico com raiva dela, afinal "eu" estraguei a minha vida sendo fiel à ela, não ficando disponível ao amor de um homem. Depois de algumas falas de reconciliação, começo a ceder ao Avô, que tenta se aproximar. Mas ainda fica a dúvida, se vou até ele ou se fico aos pés da Bisavó. Mais algumas frases e finalmente vou aos braços do marido, o Avô. Assim, a Mulher consegue se aproximar amorosamente dos pais. As mulheres falam mal dos homens porque elas sabem a força que carregam - o poder sobre a Vida - e no equilíbrio da balança (de troca), elas não reconhecem o valor dos homens, afinal elas são mães por causa deles! Uma mulher só é mulher ao lado de um homem!

Fonte: Cura Pessoal

Constelações Sistêmicas: por fidelidade à família eu sofro no casamento



Participei como representante numa constelação familiar onde um casal está com problemas: o marido a traiu, e ela quer mesmo assim, tentar. Ele diz que se arrepende, e ela aceita isso. Quando eu, escolhida para representá-la, fiquei frente a frente com o rapaz que representava o marido, olhei nos olhos dele, sorri, marota, como que seduzida. Quando tento dar um passo em direção à ele, começo a chorar e me afasto sutilmente. Ficamos assim por vários minutos, entre o riso e o choro. Era como se eu fosse repelida ou atraída por algo invisível. E o representante dele dizia que queria ficar comigo. Quando forço a aproximação, caio no chão, deitada de costas. Ele aparece no meu campo de visão, mas tenho a sensação de que há outras pessoas olhando para mim. Foram colocadas, gradativamente então, mais pessoas, todas mulheres. A cliente havia dito que muitas mulheres da família foram traídas ou não mantiveram seus casamentos. Afasto, com meus pés, o representante do marido para fora do meu campo de visão porque sentia medo que ele ficasse perto delas. Quando olho para todas as oito mulheres olhando para mim, no chão, me levanto, e sou cercada por todas. Me sinto embriagada, extasiada, e digo "Cheguei! Estou em casa agora" e rio de alegria, girando dentro do círculo delas. Elas me acolhem com muito amor. 

O facilitador pede então que eu diga à elas "Como vocês", ou seja, a cliente vive como elas. Todas elas sorriem para mim, concordando. Mas numa rápida olhada, avisto o representante do marido, e choro, quero ir até ele, mas elas me seguram. Foram ditas várias falas de cura, porque estas mulheres abriram mão do amor e do casamento, e a cliente estava seguindo este caminho, talvez num futuro muito próximo, separando-se. As falas de cura solicitam, com respeito, que estas mulheres abençoem a cliente, para que ela viva feliz no casamento e no amor. Depois de muitas falas e de reverenciá-las no sofrimento e na dor, elas se afastam, e consigo me aproximar rapidamente do marido, abraçando-o fortemente. Sim, por amor, mulheres de várias gerações são fiéis àquelas que sofreram, perpetuando uma dinâmica muitas vezes por séculos afora. E a importância da cliente nesta família talvez seja a de justamente "quebrar" esta dinâmica, para que, a partir de agora, as mulheres da família desfrutem da alegria e da felicidade no amor. O marido procurou através da traição chamar a atenção da mulher, em vão. Quando terminamos a constelação, a cliente agradece ao marido pela paciência. Ele sorri, e a beija. Foi uma linda constelação, que mais uma vez mostra que por amor à nossa família, podemos optar pela dor e pelo sofrimento.

Fonte: Cristina Maruju 

CURANDO AS FERIDAS DO ABORTO




Até meus 38 anos, isto é 15 anos atrás, eu era, como a grande maioria da nossa sociedade, totalmente ignorante no que diz respeito ao aborto. Somente com a entrada da Constelação Familiar na minha vida, pude começar a perceber os efeitos que um aborto causa para o próprio feto, para os pais e para toda a família. Quando tive a oportunidade de reviver dezenas de casos de aborto - inclusive alguns meus - através das Constelações Familiares pude sentir o quanto aquelas "almas" ainda estavam ligadas a seus pais. No meu caso particular, pude sentir cada uma delas e pude finalmente me reconciliar com as mesmas e, por conseguinte com o meu próprio coração. Caso você tenha provocado algum aborto, aproveite a leitura desse artigo para incluir esse ser abortado no seu coração e curar assim essa ferida que provavelmente ainda está aberta no seu peito. Bert Hellinger, o criador da Psicoterapia Sistêmica Fenomenologia, conhecida também como Constelação Familiar Sistêmica, não tem nenhuma vinculação religiosa, mas é a meu ver um ser religioso que busca a espiritualidade em cada fenômeno que a ele se apresenta. Ele teve "insights" preciosos a respeito do aborto e suas consequências.Tomei conhecimento das Constelações Sistêmicas através de uma amiga alemã - a terapeuta Mimansa que desde cedo vem acompanhando o trabalho de Bert Hellinger e suas descobertas incrivelmente reveladoras. Quando vi pela primeira vez a colocação nas Constelações de filhos abortados, pude perceber que o mal maior é causado não somente pelo ato de abortar, mas pela exclusão e tentativa de esquecimento daquele filho rejeitado. Os pais, principalmente a mãe, ficam ligados sistemicamente a esse filho abortado e mesmo negando a sua existência, inconscientemente eles estão conectados ao mesmo. E o que é mais grave, os pais olham na direção dos filhos mortos prematuramente e inconscientemente dizem: "eu sigo você meu filho querido". Isso significa que eles iniciam uma caminhada na direção à morte, ao fracasso, à doença ou à separação.

Os filhos vivos por sua vez, sentem a "ausência" dos pais e percebem, inconscientemente que um deles, ou os dois, querem desaparecer. O olhar dos pais fica perdido no horizonte. Então, por amor, os filhos vivos dizem internamente: "Antes eu do que você, querido pai ou mãe". E se esse desejo inconsciente de substituir os pais na caminhada em direção à morte não for interrompida, pode ocasionar uma seqüência de mortes e/ou doenças, geração após geração, até o momento que tudo isso seja trazido à luz. E esse padrão destrutivo será interrompido quando pudermos incluir no coração todos os que morreram, foram excluídos ou esquecidos, inclusive os filhos abortados. Bert Hellinger em seu livro "A fonte não precisa perguntar pelo caminho" nos elucida essa questão do aborto: "Crianças abortadas têm sempre um efeito especial para seus pais. Nisso existe, frequentemente, a dinâmica de que a mãe ou o pai dessa criança abortada queira segui-la, também, na morte. Ou expiam, quando mais tarde não se permitem estar bem, por exemplo, não têm ou não encontram mais um outro companheiro. Ou, se têm um relacionamento, se separam. Isso seria muito pior para a criança abortada se soubesse do efeito do seu destino". Em outro parágrafo Bert fala da reconciliação e da cura: "A dor e o amor reconciliam a criança com o seu destino". 


Por outras palavras: É necessário assumir a dor e a responsabilidade ou sentimento de culpa para que o amor suprimido volte a fluir na interação com o filho abortado e na vida dos sobreviventes. Toda essa compreensão me ajudou a curar feridas de peso e culpa que eu carregava comigo. Os passos que dei são os mesmos que qualquer pessoa pode dar: reconhecer os abortos, incluir meus filhos abortados no coração; reverenciar as mães ou os pais e assumir a sua parte da responsabilidade. Pude, durante e depois de cada vivência, sentir o amor expandindo no meu coração, uma leveza e um desprendimento que invadiu todo o meu ser. Bert também nos dá dicas preciosas de como continuar nosso processo de cura, ele diz: "E é importante que a força que vem da culpa possa fluir para algo bom em homenagem a essa criança, por exemplo, no cuidar generosamente de outros. Isso atua de volta na criança. Então a criança não se foi. É acolhida novamente pelos seus pais, participa de sua vida e fica reconciliada. Isso seria uma boa solução para todos". Caso você tenha problemas de fracassos, depressão, acidentes frequentes, e qualquer sentimento que lhe leva em direção à morte, procure um terapeuta de Constelação Familiar na sua cidade e comprove o poder de cura do trabalho sistêmico. 


Guilherme Ashara. 

11° Workshop de Constelação Familiar em Florianópo...


Conflito entre alunos – uma abordagem seguindo as leis do amor


Relato do caso

O relato abaixo foi extraído da prática de uma amiga que tendo trabalhado há anos em escolas no ensino fundamental foi apresentada ao trabalho de constelações em 2005 através de nosso instituto. Baseado nas leis do amor descritas por Bert Hellinger essa amiga, que atuava como orientadora em uma escola, viu-se um dia frente a uma situação corriqueira: duas alunas do 1º ano brigaram e uma delas bateu na outra. Foi um tapa que a primeira (aqui vou chamá-la de Ana) deu na segunda (aqui vou chamá-la de Camila), e as duas foram levadas à orientadora. Seguiu-se a seguinte história:

Camila: Ela me bateu e doeu muito!
Orientadora (para Ana): Você agora pode ver que a Camila está chateada com você e com razão. Olhe para ela... Quando a gente bate nos outros é assim, tem conseqüências.
Ana: Mas ela falou algo comigo que eu não gostei...
Orientadora: Bem, só por causa disso você não tem o direito de bater nela. Veja: agora ela está muito chateada com você. Você quer isso?
Ana: Não! Eu gosto de brincar com a Camila.
Orientadora: Bem, Camila, você pode ir. A Ana ainda vai ficar aqui comigo.
(Após a saída da Camila)
Orientadora: Sabe, entre duas pessoas sempre existe uma troca. Você dá uma coisa boa e recebe outra. Você dá uma coisa ruim e recebe outra. Você agora tem que pagar pelo que fez à Camila se deseja realmente que as coisas entre vocês duas fiquem bem de novo.
Ana: Tia, mas eu não tenho dinheiro!
Orientadora (rindo): Não se trata de dinheiro, a gente paga de muitos modos... Você logo logo vai compreender. Me procure mais tarde...

Mais tarde Ana procura espontaneamente a orientadora.
Ana: Tia, a Camila não quer mais brincar comigo. Eu pedi a ela, mas ela disse que não queria mais brincar comigo. (Começa a chorar baixinho).
Orientadora: É claro! Lembra o que eu lhe disse antes? Ficar sem brincar com ela é parte do “preço” que você tem que pagar por ter batido nela...
Ana: (Chorando baixinho) Mas eu gosto dela... tia, é minha melhor amiga...
Orientadora: Ok. Amanhã poderemos resolver isso. Vá para casa, sua mamãe está te esperando...

No outro dia, a orientadora chama as duas para uma nova conversa. Coloca-as frente a frente novamente, de forma que ambas possam ver uma a outra.
Orientadora: Ana e Camila, vocês sempre brincaram juntas, e ontem vocês brigaram, sendo que a Ana bateu em você Camila. Mas ela me procurou ontem ainda e me disse que estava sentindo falta de voltar a brincar com você, Camila. Você tem algo a dizer Ana?
Ana: Sim, tia. (Para Camila) Eu sinto muito que eu bati em você. Eu queria voltar a brincar com você.
Camila: Eu estava com raiva, mas agora eu estou bem. Agora eu quero brincar com você de novo. Eu também sinto muito que eu xinguei você.
Orientadora: Certo! Vão brincar então!

Comentário

Habitualmente quando há um conflito na escola a estratégia muitas vezes do orientador é buscar a reconciliação através do “perdão” e do “pedido de desculpas”. Quando olhamos para essas tentativas à luz das leis do amor que Hellinger descobriu, percebemos que essa abordagem viola o equilíbrio no dar e tomar. O agredido é quase que obrigado a “perdoar” o agressor, e com isso sofre o dano e ainda tem que arcar quase sozinho com as conseqüências. Ele então fica com raiva. Na superfície talvez “perdoe” mas na realidade não. O conflito persiste, e o que é ainda pior, subjacente. O agredido permanece com um desejo secreto de vingança. Também o agressor é “humilhado”, pois não pode se manter “igual”. É de certa forma como que forçado a se “diminuir” perante o agredido. Hellinger mostra que num conflito assim o agressor tem não apenas o dever de reparar, mas o direito de fazê-lo e o agredido tem não só o direito de exigir reparação mas o dever de fazê-lo, a bem da reconciliação. Porém se o agressor não quer, não pode ou não sabe como reparar, por exemplo fazendo algo bom ao agredido, então é adequado que o agredido “dê um troco” um pouco menor do que aquilo que lhe foi feito, a fim de restabelecer o equilíbrio no dar e tomar. Aqui nesse exemplo fica claro como a agredida deu um “troco” um pouco menor ao se recusar a brincar com a “agressora”. E como isso abriu as portas para uma rápida reconciliação. A orientadora ao mostrar à parte agressora as conseqüências de seus atos e permitir que ela arcasse com as conseqüências não tentou forçar uma reconciliação antes da hora, mas permitiu que as leis do amor atuassem por si, o que resultou uma solução “natural” e simples.

Esse é um relato que acredito ser útil a milhares de educadores no Brasil que estejam desejosos de aplicar os princípios da pedagogia sistêmica segundo Bert Hellinger no âmbito de suas escolas. Observem que não houve a necessidade de procedimentos complicados e nem mesmo a execução formal de uma constelação familiar para que a solução fosse atingida, o que mostra a simplicidade dos princípios da abordagem sistêmica fenomenológica desenvolvida por Bert Hellinger.

Escrito por Décio Fábio de Oliveira Júnior   

PEDAGOGIA SISTÊMICA


O sistema de educação, o sistema familiar e o sistema social encontram-se em constante interação na sala de aula. Pedagogia Sistêmica vem de encontro com a necessidade de gerar e fortalecer o vínculo entre os professores e os alunos incluindo o sistema familiar de origem. Atende todos os sistemas, sua interação e o lugar de cada um dos elementos do sistema para uma maior funcionalidade. A Pedagogia Sistêmica promove a aprendizagem dos alunos mediante o trabalho conjunto com os pais de família, para educar de maneira conjunta escola e família.

A Educação Sistêmica contribui em vários níveis:
- Na escola como organização: favorece a cooperação entre supervisores, diretores, consultores, professores, alunos e famílias.
- Na escola como entidade educadora: enriquece as atividades de aprendizagem. Quando os conteúdos educacionais introduzem elementos familiares e sistêmicos, aprende-se mais facilmente.
- Na escola como âmbito democrático de convivência: potencializa a inclusão, a resolução de conflitos e a participação na comunidade.
 - Na escola como motor de melhoria contínua e aperfeiçoamento dos professores.
- Na escola e na família como fator de mudança na postura de profissionais na área do ensino, pais e alunos, a partir da aplicação das Leis Sistêmicas Básicas.
- Tem sido utilizada hoje como um dos principais instrumentos de apoio à aprendizagem e administração de escolas na Europa e México.
- Nos órgãos públicos de atendimento à criança e ao adolescente auxiliando na reintegração dos mesmos na família, na escola e na sociedade.

Fundamentos conceituais da Pedagogia Sistêmica:
a) Constelações familiares
b) Fenomenologia
c) Teoria de Sistemas
d) Terapia familiar sistêmica
e) Construtivismo

Problemas que soluciona:
a) baixo rendimento escolar
b) falta de atenção na aula
c) disciplina na sala de aula
d) comunicação com o docente
e) integração familiar
f) formação axiológica
g) estruturação da jornada escolar
h) integração do grupo
i) formação docente
j) outros

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Pedagogia Sistêmica: sem raízes não há asas



O sonho que marcou a diferença na educação. A Pedagogia Sistêmica inicia-se no ano 2000. Um novo enfoque, num novo milênio que se baseia no natural da vida e nos elementos que anteriormente não tinham sido observados dentro de um sistema que está inter-relacionando-se totalmente, um com outro. Refiro-me ao sistema educativo, ao sistema familiar e ao sistema social.

Como menciona Marianne Franke Gricksch, em 2006 a transferência da visão sistêmica da terapia familiar para a docência, permite perceber as pessoas não como indivíduos isolados, mas como parte de uma estrutura inter-relacionada. Hellinger assinala que, a nível subconsciente, participamos na trama familiar e de seu destino coletivo. As constelações familiares permitem revelar o fato de que fazemos parte de uma grande alma que compreende a todos os membros da família, sujeitos a um ordem essencial. Tem-se que encontrar e respeitar tal ordem para que encontremos nosso lugar dentro da nossa família, respeitando o destino dos outros membros dessa família. O respeito e o amor à família não são um sentimento, constituem uma postura baseada em princípios que geralmente não é consciente. Nossa inclusão nessa grande alma é um senão, e nós nos encontramos sujeitos ao nosso destino familiar. Nisto se baseia o enfoque sistêmico-fenomenológico.

A visão da Pedagogia Sistêmica é belíssima, porque vê nas atitudes disfuncionais dos alunos, somente uma mostra profunda de amor; uma lealdade incondicional ao pai, uma lealdade incondicional à mãe. A última oportunidade que temos como pais de família, de participar de maneira poderosa e eficaz na vida de nossos filhos é na adolescência; e hoje, os filhos, os alunos, precisam muitíssimo dos adultos, precisam de uma participação afetiva e generosa, desde declarar que o processo educativo se leva a cabo, principalmente, através do trabalho dos pais; neste ponto, baseia-se a diferença. Que se requer? Firmeza e Sensibilidade. Essencialmente, como professores, precisamos tomar nossos pais em nosso coração, e daí, se abre a sensibilidade, mas junto com a sensibilidade, uma outra ferramenta fundamental, é a firmeza. Não é uma ou a outra, são as duas juntas. Amor claro e reconhecimento de limites.

Na Pedagogia Sistêmica recuperamos a alegria por viver, e é a força que levamos a aula.
Imaginemos os professores usando o amor que lhes é comum, porém tomando a força de seus próprios pais, e daí fluindo para seus alunos; e imaginemos o amor dos pais de seus alunos fluindo através deles; isso é poderosíssimo. Toda a diferença é educar no amor, fluindo desde a ordem. Sem ordem, não flui o amor; não tem a mesma força e, portanto, o mesmo impacto; O AMOR DOS PAIS FLUINDO NOS FILHOS É A FORÇA NA EDUCAÇÃO.

Escrito por Angélica Olvera (CUDEC)

Como surgiu a pedagogia sistêmica



O trabalho, ora denominado “Pedagogia Sistêmica”, originou-se a partir dos trabalhos do filósofo e professor alemão Bert Hellinger. Sua carreira como missionário católico na África do Sul durante quase 20 anos, lecionando em escolas para os zulus, durante o regime do apartheid colocaram-no em uma perspectiva ímpar para identificar questões de conflito e consciência. Seu desenvolvimento pessoal o levou a estudar e praticar uma vasta gama de abordagens psicoterapêuticas, a saber: psicanálise, análise transacional, hipnoterapia Ericsksoniana, terapia primal, Gestalt, esculturas familiares, análise de histórias, etc. Seus trabalhos o levaram a descobrir a natureza da consciência pessoal e certas leis inconscientes que ditam o comportamento humano em grupos familiares e sociais, as quais denominou “ordens do amor”.

Mais tarde, diversos professores e pedagogos iniciaram a aplicação do método na área educacional, sendo a contribuição mais relevante feita inicialmente por Mariane Franke-Gricksh a qual escreveu um livro denominado “Você é um de nós” (publicado no Brasil pela Editora Atman. Depois disso a abordagem se difundiu pelos países de fala espanhola, especialmente o México e a Espanha.

No ano de 1999 aconteceu o primeiro contato entre Bert Hellinger durante um workshop em Constelações Familiares em Barcelona (Espanha). No ano seguinte, em maio, Bert Hellinger trabalhou no CUDEC. Em novembro de 2003, Hellinger oferece no CUDEC o primeiro workshop aplicado à educação. E finalmente, no ano seguinte, celebram o I Congresso Internacional de Pedagogia Sistêmica, que aconteceu na Cidade do México (México). Em 2006, aconteceu em Sevilha (Espanha), o II Congresso Internacional de Pedagogia Sistêmica, com a presença de 700 pessoas de vários países.

Escrito por Angélica Olvera (CUDEC)

Relacionamentos violentos tendem a ser a repetição da violência vivenciada na infância



Robin Norwood, em seu livro Meditações diárias para mulheres que amam demais, que aborda o comportamento viciado, compulsivo e destrutivo, a dependência afetiva (quase uma dependência química, ou o que também podemos chamar de co-dependência) de mulheres que se envolvem em relacionamentos “perigosos” onde o parceiro está indisponível para elas e relacionamentos que envolvem sempre um grande sofrimento.

“Mulheres que viveram em lares violentos tendem a escolher parceiros violentos, mulheres que conviveram com o alcoolismo tendem as escolher parceiros dependentes químicos, e assim por diante. Uma dinâmica sempre presente na relação dependente é o impulso inconsciente para reviver a luta do passado, e agora para vencer”. Na perspectiva das Constelações Familiares, vemos também a repetição do padrão de sofrimento como a reprodução de um hábito inconsciente, trans-geracionalmente  Aqui nos deparamos com as forças da hierarquia e do equilíbrio, que atuam em todos os sistemas. O pequeno, porque recebeu demais, sente que precisa retribuir a qualquer custo, tornando-se o grande na família, cuidando desesperadamente dos pais, com uma responsabilidade que não lhe cabe. Mães (e também pais)  que viveram em lares violentos, tendem a se identificar com o excluído da família (o agressor ou a vítima – e algumas vezes com os dois), o que leva a pessoa a reproduzir a mesma dinâmica, entre vítima e agressor.

Deixar de carregar o homem para viver a energia feminina


Diálogo terapêutico entre Theresia Spyra e uma aluna do Curso Vivencial de Formação em Constelação Familiar Sistêmica, a respeito de uma relação afetiva codependente.

Permita-se ser pequena (grande espaço de silêncio). Apenas responsável por você e sua vida. Nada de ser maravilhosa, nada de forte. Também não precisa ser mais rígida. Deixe ir a rigidez, “o ter que carregar o outro”, como se ele não tivesse a própria força. Permita agora que o outro tenha a própria força. Permita que o outro possa fluir e ocupar esse espaço. Permita-se a sensação de sentir-se desnecessária, sem uso, preguiçosa (risos), desocupada. Permita-se não fazer. Permita que o outro faça por você, de vez em quando. E receba! Se abra para receber! E agradecer. Não tem mais necessidade de carregar o outro nas costas. Ele se sustenta por si só. Não precisa de você. Quanto orgulho, quanta arrogância que nós, seres humanos, temos.

Aluna: como vai ser quando não me sentir mais necessária?

Theresa: este é o desafio. Deixar o vazio. Porque a tendência é preencher.  Mantenha vazio, tira a energia de novo, e aí vai vendo o que vai se apresentar. É o desconhecido. E você vai ter a tendência de assumir de novo. Se você percebe que assumiu de novo, recolha-se. Permita-se não fazer nada. Pode dar medo, ansiedade, mas sustente. Observe isso conscientemente. Essa recusa de preencher o espaço que não é seu. E aos poucos você vai usar a energia para quem? Para você. Porque você está fora, ainda. Se você se centra, como mulher, você vai emanar isso naturalmente. Não precisa mais fazer esforço. A força é do homem. Deixa isso para ele. A força da mulher é totalmente diferente disso. A mulher é que faz o homem se mover energeticamente, mas sem carregar nada. Sem carregar a responsabilidade dele. Totalmente emergida na energia feminina, perceptiva, silenciosa, presente.

Theresia Maria Spyra é terapeuta e trainer em constelação familiar sistêmica

Vivendo a vida de outra pessoa.......



Quantas vezes já pensamos que a vida que vivemos não é a nossa vida, que nos sentimos em uma prisão, fiéis a um destino que não nos pertence? Muitas vezes somos vítimas involuntárias de sentimentos negativos ou sufocados pela culpa, sem entender o motivo. Imobilizados, condicionados por uma liberdade limitada, incapazes de voar, sem uma razão definida. Mas você não pode ter asas, se você não "sentir" as suas raízes. Uma árvore consegue alcançar o céu somente se possui raízes fortes. A psicologia, a filosofia oriental e tudo o que estuda e analisa o comportamento e o estado da alma humana, convergem para uma única direção: a consciência. Uma simples palavra que encarna percursos possíveis, o desejo de enfrentar suas limitações e a coragem para ver e observar a si mesmo, construir um diálogo interno, para reconhecer suas próprias origens. De fato, parece que existe uma crença compartilhada de que há uma matriz, um DNA emocional que nos liga aos nossos antepassados. A sociedade contemporânea nos condiciona a uma visão "descartável" da vida e da morte, não reconhecendo o valor daqueles que nos precederam.

O alemão psicoterapeuta Bert Hellinger, analisou com profundo conhecimento de dinâmica de grupo, após anos de estudo e experiência, desenvolveu uma teoria fascinante, compartilhada por médicos e terapeutas de todo o mundo: Constelações Familiares (também chamada de representações sistêmicas). É uma técnica que nos permite identificar tendências que nos são desconhecidas, eventos traumáticos, físicos e mentais, que se repetem de geração em geração e que podem encontrar a causa em conflitos sérios e não resolvidas nas gerações precedentes. Para entender o significado desta técnica é importante ter uma perspectiva sistêmica. Num sistema, o indivíduo não é importante em si, mas sim como uma função de algo maior. De acordo com Hellinger, cada grupo é um "sistema", que fornece as chamadas ordens de pertencimento, deixando claro a todos os membros o que é "saudável" ou "correto" e o que não é. O conceito de "ordem" nos obriga a olhar o aspecto "cronológico" (do mais velho) e a um aspecto de disposição, legítima ou correta, dos membros do sistema familiar. Hellinger afirma que todos devem assumir total responsabilidade por aquilo que fazem: as implicações de ações insanas e não são assumidas, cairão sobre todo o sistema.

Sem ter consciência os descendentes estão ligados por uma espécie de vínculo orgânico\emocional a todos os antepassados membros da família, mesmo àqueles que não conheceram, e em virtude de tal vínculo podem, em alguns casos, estar "emaranhados", ou seja, assumir, por amor, aquele destino. Muitas vezes, um erro cometido, um segredo, exclusão ou o não reconhecimento, sofrido por um membro da família, pode encontrar a sua compensação através de um sucessor, que reintegrará aquele membro no sistema familiar, e para que isso ocorra, o descendente “emaranhado” também pode “reviver” seus sintomas físicos, insucessos nos relacionamentos ou na profissão; perdendo dinheiro ou até mesmo sua vida.

Guerra, crianças não nascidas, suicídios e filhos não reconhecidos, são eventos que causaram muito sofrimento (gerando emaranhamentos), e esse sentimento é transmitido para as crianças, com consequências muitas vezes graves. Uma criança, quando nasce, é totalmente dependente de seus pais e, em especial a sua mãe, a união simbiótica. Para Hellinger, se durante a gravidez, parto ou nos primeiros dois anos de vida, acontecer um evento traumático, uma separação entre mãe e filho, cria o que ele chama de movimento interrompido. Aqueles que sofreram esse choque geralmente desenvolvem um padrão de comportamento que faz com que procurem obter o que tanto desejam, mas ao mesmo tempo, evitarão qualquer possibilidade de sucesso. Essas pessoas desenvolvem um perfeito e sádico mecanismo de autossabotagem impedindo a própria felicidade no amor e/ou prosperidade econômica. Isso explica muitas dinâmicas ligadas a sentimentos impossíveis!

Os pais ("são grandes") dão aos seus filhos ("são pequenos") na vida, e isso deveria ser suficiente, para que os filhos os respeitassem. Qualquer julgamento negativo de um filho aos seus pais, de acordo com Hellinger, colocaria o filho numa posição de superioridade, e desta forma, numa posição incorreta no sistema para com aquele que é "grande". Algumas vezes, os filhos ficam do lado de um dos pais, carregando por amor, o peso da responsabilidade de pais, desempenhando até mesmo o papel de amigos e confidentes: uma desarmonia que leva inevitavelmente ao conflito e a infelicidade. A solução é restituir aos pais as suas responsabilidades ou seus pesos, sem julgamento e sem raiva, agradecendo-os profundamente, só assim você pode ter uma boa qualidade de vida.
Através de uma espécie de representação do "teatro da Constelação", este processo pode ser trazido à luz e a pessoa se torna consciente do emaranhamento. O nó desata, mudando assim o esquema em que a pessoa foi incorporada, percebendo que seu próprio sacrifício não trará qualquer beneficio. Depois de encenar a sua própria constelação e restabelecer o seu papel no sistema, nos meses seguintes as relações tendem a mudar. O amor infantil, através de representações, se transforma numa forma adulta e mais consciente, que nos torna livres e "não dependentes" e, desta forma, indivíduos adultos, com uma vida mais fácil e serena.

Si trata de dinâmicas difíceis de explicar se contamos somente com a racionalidade do método científico. Alguns comparam o campo de influência da família ao "campo morfogenético", um termo elaborado pelo biólogo britânico Sheldrake, mas Hellinger prefere se referir à consciência coletiva inconsciente da tradição hinduísta. Certamente, a força deste trabalho reside no efeito que produz em um nível inconsciente, inclusive por meio das frases de cura, que restituem a cada um o seu lugar de direito no sistema familiar. Por esta razão, é importante que o paciente procure e confie um terapeuta/constelador, para o ajude a absorver emocionalmente a nova situação que emergiu. Os velhos padrões, como os velhos hábitos, são difíceis de morrer, mas morrem!

Simona Di Bella