O sistema familiar: amor e dor



O sistema familiar ao qual pertencemos atua como uma rede de energia ou “campo” em que tudo e todos estão profundamente entrelaçados. Cada família tem o seu "campo de ressonância" próprio, o que pode ser definido como “alma da família”. Sempre que acontece numa família um evento agradável ou dramático, seus participantes estarão envolvidos física, emocional e espiritualmente.

Quando uma família tenta esconder alguma coisa, um evento criminoso ou traumático, algo desonroso que provocou um profundo sentimento de vergonha e tristeza, essa dor escondida forma a base de um “legado familiar”. Ao tentar excluí-lo ou escondê-lo, o fato toma força e será herdado pelas gerações futuras, que vivenciarão (inconscientemente) a dor dos excluídos, numa tentativa de compensar o sofrimento dos que foram excluídos pela família. Estes "legados" são preservados nas almas dos indivíduos pertencentes à família e na alma da família em forma de memórias coletivas que se repetem muitas vezes dramaticamente idênticas. As datas e a forma do sofrimento ocorrido muitas gerações atrás, são revividos por um bisneto ou uma sobrinha neta que, para “compensar a dor no campo da família” repete a dor do excluído ou do “segredo de família’”. Como exemplo, podemos citar famílias onde várias pessoas morrem de câncer, ou aquelas onde a cada dois anos acontece uma morte ocasionada por acidente no trânsito ou ainda aquelas onde muitos são bipolares ou psicóticos.

Cada família tem sua própria lealdade interna distinta e seu sistema de acerto de contas, e estes servem para equilibrar a dor familiar e para manter "as coisas no lugar". Deste modo a família pode decidir quem manter ou excluir, afastando qualquer coisa que faça a família se sentir em culpa, em perigo ou com um sentimento de vergonha. Quando um grupo familiar viola uma das leis básicas do campo sistêmico, excluindo um membro do grupo ou escondendo um fato importante, tenta evitar responsabilizar-se pelo fato ou viver sentimento de culpa. Mas nada fica sem compensação – absolutamente nada! O sofrimento causado a algum membro da família pode reaparecer em outro momento, e em outra geração que nem conheceu os parentes ou ignora totalmente os fatos. O que a memória da família busca é o equilíbrio do “campo sistêmico”, ou seja, compensar os sofrimentos que continuam a desequilibrar o sistema daqueles indivíduos.  Cada membro de uma família tem importância, mas o campo que os une e lhes deu a vida é mais importante que casa indivíduo. Desta forma, cada geração que nasce, busca inconscientemente compensar as dores dos antepassados e utilizar seus talentos. Alguns legados e heranças podem se tornar a maior força motriz na família, fazendo o seu caminho através de muitas gerações, por vezes, de uma forma devastadora, como em casos de violência física ou sexual, ou em casos de abortos, suicídio ou assassinatos.

Com a terapia de “Constelações Familiares” essa harmonia é restabelecida  proporcionando paz e alívio a todo o sistema da família em questão. Com consciência, amor e utilizando os rituais de inclusão de quem está excluído, pois todos têm o igual direito de pertencer, o sistema fica muito leve. Para encontrar paz e felicidade em nossas famílias, devemos reconhecer a lei que se refere ao equilíbrio entre dar e receber, e respeitar a hierarquia de tempo: os mais antigos vêm primeiro e os mais novos vêm depois. Quando essas regras ou leis são vividas no sistema familiar, será deixado um “legado” leve para os futuros integrantes. Isso significa – saúde, alegria e paz para as próximas gerações.

Tania Rocha
Facilitadora de Psych-k e Constelações Familiares