Quando o relacionamento fracassa....


Quando nascemos o primeiro sistema a que fazemos parte é o sistema familiar e o modo como experienciamos as relações nesse sistema afeta a forma como interagimos com outros sistemas no futuro. Uma família começa à partir de um casal e a forma como essa relação é vivida afetará as gerações seguintes. Daí a importância de olharmos hoje para as nossas relações a fim de evitar novos emaranhamentos que invariavelmente serão resgatados no futuro. Um emaranhamento é um nó, um desequilíbrio, uma desarmonia no sistema. E se a geração em que esse nó foi criado não o dissolve, alguém de uma geração futura o fará através de seu sacrifício inconsciente em prol de algo maior, o Sistema Familiar. A partir de observações no campo das Constelações, Bert Hellinger fala sobre algumas posturas que comprometem o equilíbrio na relação de casal. Elenco aqui alguns dos comportamentos que podem desequilibrar a relação e consequentemente o novo sistema que começa neles. Segundo a visão das Constelações Sistêmicas o que pode fazer um relacionamento de casal fracassar é:
Quando no casal um se sente maior do que o outro. Quando um acredita saber mais que o outro sobre o que é melhor para ambos. Às vezes a mulher inconscientemente age como se fosse mãe do marido ou vice-versa. Num casal equilibrado os dois devem estar no mesmo nível da hierarquia.
Quando um dá mais que o outro na relação. Isso gera desequilíbrio entre o dar e o tomar. Quando um dá mais atenção, carinho, cuidados ou se dá para a relação mais que o outro consegue retribuir é sinal de problemas mais à frente nessa relação. Nesse caso, aquele que recebe mais do que pode retribuir, tende a querer sair. É comum ver no consultório pessoas que se anularam por uma relação, que deram muito e que foram deixados pelo companheiro ou companheira.  É preciso ter o equilíbrio entre o dar e o tomar entre as partes.
Quando um não toma/aceita o sistema familiar do outro como ele é ou acha que o que vem do seu sistema é melhor do que o vem do outro. Respeitar e acolher as raízes do outro é essencial.
Quando cada um no casal não toma/aceita seus próprios pais ou família de origem. Problemas não resolvidos na família de origem, acarretam problemas na família constituída agora ou em algum momento no futuro. O passado não podemos mudar, nem podemos mudar nossos pais, o que seria uma inversão e ordem, mas podemos curar dentro de nós as feridas, as mágoas e reivindicações que temos com relação a nossos pais. Isso evitará projeções negativas em nossas relações afetivas.
Quando não reconhecem e respeitam relacionamentos importantes anteriores do outro, como por exemplo casamentos, noivados ou vínculos afetivos anteriores do outro. Especialmente quando há filhos de uma relação anterior. O desequilíbrio está em excluir alguém que veio antes na vida do outro. O equilíbrio está em reconhecer e acolher os que vieram antes, respeitando a ordem, afinal, o relacionamento atual só está dando certo porque o anterior terminou. Reconhecendo isso com respeito acontece a inclusão dos que vieram primeiro.
Quando não se oficializa um longo relacionamento. Segundo Bert Hellinger, relacionamentos longos, sejam namoros ou casais que já moram juntos mas que não oficializam o casamento passam a mensagem inconsciente um para o outro: “Estou esperando algo melhor para mim.” Essa relação está em “risco” de fracassar.
Quando os pais colocam os filhos em primeiro lugar. No sistema familiar quem vem primeiro são o pai e a mãe, os filhos vem depois. Inverter essa ordem, gera um desequilíbrio para toda a família, pois compromete a força que une pai e mãe, da qual depende a segurança dos filhos.
Quando o casal adota um filho prioritariamente para suprir carências próprias. Nesse caso é como se o filho adotivo fosse um ajudante dos pais adotivos em suas carências. Para Bert Hellinger as adoções de crianças são um problema no momento em que os pais tentam suprir suas carências pessoais através dessa criança e quando tentam substituir os pais biológicos dela. Os pais adotivos são apenas tutores da criança já que seus pais biológicos, por força maior não tiveram condições de cuidar dela. Os filhos estão sempre conectados ao sistema familiar dos pais biológicos e esses pais devem ser acolhidos amorosamente pela família adotiva e no coração dessa criança. Afinal, pela visão sistêmica, todos tem o pai e a mãe certos para si.
Quando na perda de um filho, os dois não fazem luto juntos. Casais que perdem filhos, mesmo que sejam abortos precisam passar pelo momento de luto juntos, dando apoio um ao outro e vivenciando a dor da perda, da criança que se foi.
Casais sem filhos…
Quando um casal decide não ter filhos ou não consegue engravidar, a forma que tem de equilibrar-se é passando a energia da vida para algo além deles. Como, por exemplo, dedicando-se à causas sociais, artes, espiritualidade ou outras formas sublimes de expressão da vida. A energia da vida que recebemos dos nossos pais deve ser passada para frente, se não for através de filhos, de alguma forma que traga benefícios para outras pessoas, caso contrário acabam por adoecer com a energia criativa que fica reprimida, impedida de seguir seu fluxo.
Casais homossexuais…
Segundo as observações de Bert Hellinger no campo das constelações, em muitos casos, homossexuais estão vinculados a um membro do sistema, talvez de gerações passadas, excluído e do sexo oposto, como por exemplo, amantes, filhos bastardos, esposas abandonadas, pessoas doentes que foram internadas ou mesmo banidas da família e esquecidas. Segundo Bert Hellinger quando se identifica e se dissolve esse emaranhamento ainda na infância da criança, esse vínculo pode ser dissolvido, caso contrário o homossexual deverá viver sua vida e aceitar o seu destino difícil como uma missão. Um homossexual vem como uma cura para um desequilíbrio em seu sistema familiar e deve ser incluído e acolhido amorosamente por esse sistema.
Roberta Dias  
Terapeuta Holística