O aborto é como uma bomba atômica colocada sob o sofá da sala


A lei do pertencimento assume um valor muito importante no que diz respeito às crianças abortadas ou mortas no primeiro ano de vida, pois muitas vezes são esquecidas, ignoradas ou até mesmo não consideradas como membros da família. Sem entrar na legalidade e na moral na forma de escolha aborto, na verdade, a interrupção de uma gravidez é a morte fetal psicobiológica. Mesmo que o feto tenha algumas semanas ou meses, mas mesmo apenas alguns dias ou horas, era um ser vivo, e um membro do sistema, tal como concebido por um pai e uma mãe.

O que acontece com os abortos é que muitas vezes os envolvidos não falam, e o acontecido é removido ou esquecido, como se nunca tivesse acontecido, e se conta como filhos somente os vivos, e muitas vezes nunca falaram que antes ou depois deles havia alguns abortos. Além disso, o feto não é batizado (ou não ele é dado um nome), e para ele não é feito um enterro ou dada uma sepultura, mas simplesmente se segue o protocolo hospitalar da eliminação de material orgânico deixado em operações cirúrgicas.Tudo isso cria a exclusão clara e profunda, da qual todo o sistema é afetado e Anne Ancelin Schützenberger escreve que:

"O aborto é como uma bomba atômica colocado 
sob o sofá da sala".

Ele tem um enorme potencial destrutivo e o fato de que ninguém fala sobre o ocorrido, torna-se ainda mais prejudicial. Graças a Constelações Familiares se pode investigar, ver e reconhecer abortos no sistema, e reintegrá-los com amor. O processo de reconhecimento e integração requer um pouco de tempo, e isso acontece com mais facilidade se você começar a falar com outros membros da família sobre o aborto ocorrido. O ideal é que faça isso com um ritual simbólico que lhes dá a verdadeira presença: por exemplo, preparar um jantar para toda a família reunida, e organizar a hierarquia da família incluindo as crianças mortas, ou plantar uma árvore em um lugar tranquilo e seguro. Ou ainda fazer a árvore genealógica da família, inserindo os nomes dos filhos ou irmãos abortados, e assim, começar a contar as crianças em sua ordem real.

Assim eles começarão a pertencer e os danos no sistema serão menores. Respeitar a mãe é importante, mas quem perdeu a vida é a obrigação de todo o sistema. Caso “se esqueçam” do bebê abortado, alguma criança poderá olhar para a dor carregando como sua a exclusão.


Tania Rocha