Os sofrimentos dos nossos antepassados deixam marcas nos nossos genes


Há poucos anos creditava-se que nascíamos com uma informação genética predeterminada e inalterável detalhando os nossos componentes, sua estrutura, ordem e função, como deveríamos ser e do que poderíamos adoecer. Atualmente, sabemos que não é assim. Estudos mostram que as influências ambientais podem causar alterações nos genes, modificar o DNA e assim posteriormente transmitir essas alterações para nossos descendentes. Grande parte do funcionamento do nosso corpo depende de que certos genes são ativados ou não. Embora ainda não sabemos como e que enzimas estão envolvidas neste processo. O fato é que quando um gene é ativado ou desativado são lançados processos bioquímicos que acabarão por levar a, por exemplo, um gêmeo a desenvolver esquizofrenia e o outro não, apesar de serem geneticamente idênticos.

Recentemente, a epigenética confirmou a poderosa influência que o estresse, dieta ou produtos tóxicos ambientais têm na ativação de genes específicos e como eles geram mudanças em três ou mais gerações. Se a dieta e produtos tóxicos podem causar alterações epigenéticas, poderiam experiências como o estresse pós-traumático, abuso infantil ou sofrimentos também desencadear mudanças epigenéticas no DNA ou em células do cérebro? Estas questões resultaram ser a base de um novo campo, o comportamento epigenético, agora tão comentadas, que tem gerado dezenas de pesquisas e propõem novos tratamentos para curar os problemas do sistema nervoso.

Entre esses estudos incluem o de Michael Skinner, biólogo molecular, no qual ele afirma que as experiências de vida dos avós e até bisavós, modificam os seus óvulos e espermatozoides de modo indelével. Esta modificação afeta seus filhos, netos e bisnetos, e esse fenômeno é conhecido como "herança epigenética transgeracional." Isto é, qualquer fator ambiental que influencia a saúde física e emocional não só irá afetar o indivíduo exposto ao fator, mas também para os seus descendentes. Outros estudos do comportamento epigenético conduzidos por Michael, neurologista e psiquiatra biológico, demonstram que experiências traumáticas no nosso passado, ou o passado de nossos ancestrais, deixando marcas moleculares aderidas ao nosso DNA. Ou seja, nós herdamos não só os joelhos frágeis da avó, mas também uma predisposição para a depressão causada por um sofrimento que ela não superou.